A fuga da realidade não era possível, por mais que se tentasse. Como um vírus contagiante e aterrador findando os dias de prosperidades, todos os habitantes daquele vilarejo enlouqueceram. Corpos em putrefação exalando um miasma repugnante e acre. O único indício de que outrora existiu vida naquele lugar, foi o manuscrito quase deteriorado encontrado nas mãos de um velho todo carcomido por urubus selvagens e sedentos. O manuscrito dizia em linhas breves: “Cuidado com a Espiral, cuidado com a Espiral, onde o vento sopra forte, roubando seu ar, cuidado com a Espiral! O medo é certo o horror é maior. Muitos já foram afetados e acredito que antes que eu termine minhas palavras, o que habita em mim também não mais existirá. Tentei fugir, inúmeras vezes me via ao mesmo lugar que minutos antes tinha deixado, vi suicídios e coisas impensáveis… Cuidado com a Espiral… cui…”
O manuscrito termina como que em um último suspiro, deixando um sinistro quebra-cabeça de corpos espalhados com as mais variadas expressões de agonia e terror. Até o presente momento desse meu relato, ainda não se sabe se a origem da “Espiral” mencionada no manuscrito foi algo real ou um surto de loucura coletiva.
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